25 de outubro de 2010

Jogo de azar



Perdi a letra no vão da vontade.
Como disseram dois milhões de vezes
as vozes violentas nos últimos meses,
o meu inteiro já virou metade.
No vento cítrico e sem piedade,
perdi não só a letra mas também a rima.
Desaprendi o que não se ensina,
e por mentira ou por qualquer verdade,
como quem lembra a carne que já não palpita,
como quem troca o verbo pela santidade,
foi que eu fiquei como já não se fica.
E só perdi porque sou perdedor.
Porque atravesso longe da saudade
e perco os dias a buscar o amor.