24 de outubro de 2007

Soneto Solo



Pra cada sopro que te toca o rosto mulher,
há um caminho que percorro só.
Não se faz o amor assim.

( ... e pronto, amor!)

Não.

Há que se doar o tempo,
há que se quebrar o medo
e amansar o peito.

Há que se entregar a carne,
relembrar a cor
e trabalhar o jeito.

E é assim que ao fim de tudo
poderemos andar o caminho inverso,
e descobrir que na verdade
éramos nós o amor de fato.


Poema conexo



Porque serão leves acordes perfumados,
quando caiam das folhas nascidas
os mais novos orvalhos.
Ali estarão nossos olhos risonhos.

E o passado será calmo como a chuva.
A chuva que vai e não deixa nada.

Às vezes, saudade.


14 de outubro de 2007

Profilaxia



Esse vento que venta em mim,
um dia vai ventar você.

E aí mulher,
vamos ter que esconder do frio,
cantar ciranda,
viajar e cuidar da pele;

pra ficarmos velhos simpáticos
naquelas fotografias amarelas.

Felicidade é isso.


Andarilho



O poema é a contradição, a queda,
o avesso do transposto.

Atravesso.

Mesmo sendo isto posto,
é simples e completo.
É largo.

Travessia.


Fio



Um, dois, três e fim!
Eis aí o verso azul e desencantado que querias ouvir.
Agora deita e veste o sopro que te sustenta.
Aponta os dedos para o céu, enquanto eu...

Eu mergulho na deselegância de desenhar estrelas,
escrever poemas
e rabiscar o verbo que te prendia aqui.

Chove.
Pode chover, que já estamos juntos.


Crise letrada



De que vale a verdade
do poema feito em série,
se o poema não contorna
a verdade que me fere.

Vale pouco, quase nada.
Tempo de retirada
no poema que gangorra
nessa linha superada.

Sendo letra sobre letra,
versa e não versa nada.
É de pequena valia
e verdade inacabada.

Mas ainda assim companheiro,
é poema,
é verdade,
é alma;

e nao é mais nada.


7 de outubro de 2007

Poema adicional pra falar um pouco mais de amor



Enquanto seja o que fere e dói e conforta.
Enquanto fale do que pulsa e é sentido e guardado,
como quem guarda cartas.
Seja puro e forte e frágil, e sustente o que vier;
e venha.

Seja o que for e assim será.
Será bom e melhor nos outonos de poucas palavras.
Muitos outonos.

Enquanto for...


Amor.