6 de abril de 2008

Mínima



Como letras postas e letras pálidas no papel.
Como o escrito desperdiçado no vazio, o escrito feito para o vazio.
Como distintas e santificadas foram outras letras,
não menos pálidas que as de agora.
Ao alto prumo de quem escreve para o acaso formal e construído,
para o contexto cheio e forçosamente emocionado,
interponho minha letra vaga.
Me furto ao mérito de fazer brotar a água dos olhos.
Cedo às amenidades sem graça e pra elas entrego meus focos.
Às amenidades fortes e presentes,
aos pormenores incontestes e palpáveis,
aos detalhes.
Miro a composição dos detalhes;
e como neles se afoga todo o resto.
E como neles é fácil encontrar tudo mais de que se compõem
as farsas e trapaças de cada dia.
(Porque é preciso falsear, é preciso esquivar e enganar,
pra não engasgar com as verdades abrasivas
que engolimos todas as manhãs.)


2 comentários:

Alessandra Guimarães disse...

"(Porque é preciso falsear, é preciso esquivar e enganar,
pra não engasgar com as verdades abrasivas
que engolimos todas as manhãs.)"

e venho vivendo assim....coisa besta, mas real...e assim seguimos sorrindo, msm qdo trás dor...fazer o que, talvez mudanças. E quem sou eu pra saber!!!
desabafo Nin, apenas um desabafo!!!
Bjoooo

Anônimo disse...

as letras... nos revelam, nos oprimem, nos calam! No pedaço de papel, pelo momento, no momento, do momento... são meros escritos; letras, que choram, cantam, mentem a nós mesmos. Cúmplice de noss'alma, o papel é espelho de nossas emoções.
Buda,
tuas letras transformam a palidez do papel e o faz pulsar em cores sensíveis aos olhos.
Essas cores a fazem verdadeiras, letras que emocionam.
abs