11 de novembro de 2009

Duas horas



A cidade não se apaga nunca.
Apenas permanece, imóvel, intacta,
com jeito de menina triste.
Me revela um silêncio
que ninguém jamais ousou.
Que ninguém suporta sozinho.
A cidade é sozinha.
Sólida e muda,
mergulhada nas luzes, estática.
Intransponível.
E me desaba nos ombros a noite
que desamanhece posta,
quente e irreversível.
A noite da cidade nada quer,
nada entrega.
Apenas se recosta,
muda ao meu lado.
A cidade me conhece.

Nenhum comentário: