Hoje não quero escrever. Só escrevo se for pra falar de coisas alegres, coisas que cheiram a sábado de manhãzinha. Só se for pra falar de como eu e o pai fazíamos nossas próprias pipas, e como elas nunca voavam: a gente gostava mesmo era do sorvete no final.
Só escrevo se puder lembrar das horas de estrada pra chegar na roça. De como o café cheirava a casa toda de manhã, e havia orvalho em tudo que era folhinha; e como escorria felicidade de tudo.
Não vou pôr linha alguma, se não for pra dizer das tarde laranjo-vermelhas fotográficas, ou das manhãs frias em que o ar ainda gela o peito e a ponta do nariz da gente; de como é bom acordar antes do relógio pra dormir mais um pouquinho, de como o olhar daquela mulher é sempre mais brilhante e lisérgico que os olhares das outras que não amamos. Ainda.
Se não for assim não vou. Porque hoje... Hoje não quero escrever.
29 de abril de 2007
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Um comentário:
tem um que de saudosismo neste texto, não sei se de sua parte, mas foi o que senti qdo li....sei lá, senti...
Bjuuuuu
Lê luzinha
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