29 de abril de 2007

"Post-it!" post mortem

“Quero as canções dramáticas. Quero os momentos de tristeza e saudade que caem das tardes meio-vermelhas, das noites sem sono, sem dona, sem fim. Eu abraço as cores mortas e gosto dos poemas abertos, rasgados, sujos, porque mostram o contrapé cru das essências. Mas não fico sem os bem piegas de amor eterno, com musas e métricas, sonetos de paixão boba de trovadores anacrônicos: os infantis mesmo. Eu quero chorar um pouco mais. Ou quem sabe chorar menos mas chorar junto. Aparto tudo que me escorre do peito e que fosse, em outro tempo, partes lustradas de um outro colo de mulher. Lembro dela e delas, como se tudo houvesse caído na aba do meu chapéu. Ainda assim lembro dos cabelos curtos. Ou longos... Olhos de qualquer cor, e o sorrisinho no canto molhado da boca.”
Apenas apontamentos mentais de uma outra vida. Notas a tinta num bilhetinho borrado, esquecido no bolso esquerdo do meu paletó curto e gris, da última vez em que morri.

Um comentário:

Alessandra Guimarães disse...

"Mas não fico sem os bem piegas de amor eterno, com musas e métricas, sonetos de paixão boba de trovadores anacrônicos: os infantis mesmo. Eu quero chorar um pouco mais."
E na verdade não são estas coisas ditas "tolas" que fazem a dor e a delícia de sermos o que somos?(plagiando algum cantor , não lembro quem)
Enfim,é preciso abraçar o mundo como um amante, sendo piegas ou não!!! Bjuuu