24 de abril de 2007

Quixotesco

Dirão do homem, num tempo em que livros e carnavais não mais reflitam a expressão da alma, que foi um animal que rondava planícies devorando carne e essência de outros comuns, e que dele nada resta, senão ossos e talvez memória. Sim, serão outros diferentes de nós que o dirão. Não homens, ou mulheres ou velhos. Não. Os que dirão serão aqueles que, após a queda do bicho sapiens, tomaram as rédeas da Esfera Azul. Mesmo do que não era matéria. E dirão mais... O novo bicho, a despeito do que pensavam os pequenos homens, se imporá e reinará sobre tudo que respira ou tenta, e sobre as pedras e pó, igrejas e açudes e sertões e mares de qualquer coisa, já que pra ser mar não precisa ser água, e pra ser rei não precisa ser olhos e carne e pele e espada. Talvez se a esse tempo houver sorte e houver homem que sobre suas pernas se agüente, possam conter tamanha fúria. Só assim, haverá amanhã. Será preciso que aquele que se diz capaz, se o houver, se atenha ao por do sol. Não um, mas dois ou três e, com o coração no bolso e a alma na mão, se faça nobre, se faça cavaleiro sem temor, pois nesse tempo não haverá exército ou criança que não se ajoelhe ante os enormes déspotas novos: os moinhos de vento. E eles sem dúvida, maquiavelicamente, apagarão as luzes.

Nenhum comentário: