11 de maio de 2007

Dimensões

Fitei os olhos de um homem velho.
Era uma tarde qualquer nesses últimos invernos.
O homem andava roto, sujo. Nos cabelos algumas folhas do vento último, poucos afagos.
Muitas memórias.
A barba já cinza de derrotas. Sob seus olhos pendiam rugas: pareciam gritar o enredo preto que aos tornozelos se lhe arrastava.
Os mesmos olhos que fitei.
E como ignorassem todo o redor de hades e barro, aqueles olhos insistiam num azul arrogante, azul impossível que arrancava água dos meus.
E foi assim que, numa tarde qualquer nesses últimos invernos, um homem velho e sujo, de dentro dos olhos azuis, austeros, me chamou de filho.

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